Era pra ser uma simples viagem de volta pra casa, mas quem um dia já leu
algum post aqui, sabe bem que comigo as coisas nunca são simples, e que num
espaço de 3h, TUDO pode acontecer comigo.
Meu voo era as 19h25. Como sai de campinas (sdds: voo direto), eu vou pro
Tietê e de lá pego o buzão que me leva pro aeroporto. Sempre pego o ônibus das
16h00, pq é mais ou menos 1h de viagem, e eu chego com folga lá, pq com a minha vida é sempre bom fazer as coisas com antecedência. Dessa vez resolvi comprar logo a passagem do busão pela internet mesmo pra
poder engabelar o dinheiro que mamãe me deu pra pagar auhsuahs.Beleza.
Da minha casa (deixa irmã humilhadora ler isso) pro Tietê são 2 estações de metrô + baldeação na Sé + 4 estações. Isso dá pra fazer em 20 minutos sem pressa alguma. Beleza. Saí
de casa as 15h. Vou eu puxando minha mala (que mamãe entupiu de coisa pra eu
trazer de volta pra SLZ) e minha mochila que, como é de rodinha, eu enrolei na haste da mala e vim embora, pq eu já tenho 2m de largura, puxando uma mala de um lado e uma mochila do outro, eu ia ocupar a calçada inteira.
Entro na estação,
vou pra bilheteria pra comprar meu bilhete. Aí começa:
1) uma fila
enormemente enorme pra comprar a passagem. Já fiquei meio puto, mas beleza, tava
andando rápido. Uns 10 minutos depois, de bilhete na mão, me vooooooolto até o
elevador (eu sempre pego o elevador quando tô no metrô com mala) e…
2) o elevador não
estava funcionando. Pois é. Lá vou eu voltar o caminho todinho pra porra das
catracas. Na hora de passar, aquela loucura: vai, volta, desenrosca a mochila
da mala, passa na catraca, derruba a mala, pede pra pessoa de trás (que já tava
me olhando com ódio) pra pegar a mochila… aquele carnaval. Mas beleza. Entro no
metrô. Lá vamos nós! “Vou chegar cedo, ainda” penso eu. Mas…
3) as portas
não fecham. “Ótimo!” eu penso. E cadê a porra do ar condicionado? A pilota do
metrô avisa que estamos esperando os carros da frente se movimentarem. Uns 5
minutos depois, as portas finalmente fecham e começamos a andar. Paramos
na próxima estação, o povo desembarca, eu já vou mais pra perto da porta, visto
que a minha parada é a próxima… “Agora vai!” eu penso. Mas claro que não
vai. Porque logo assim que a minha voz que passa na minha cabeça diz isso…
4) o metrô para
de novo. 1 minuto, nada. 2 minutos, nada. 3 minutos. “Estamos parados aguardando
a movimentação dos carros a frente” diz de novo a pilota. E aguardamos. POR 15
MINUTOS! E sem ar condicionado!
5) Depois dos 15
minutos parados, finalmente eu chego ao Tietê. Aquele corre-corre, afinal, já
eram 15h50! Saio do metrô, quando vou passar a mala pela catraca…
6) A haste da mala não
aguenta o peso da mochila enrolada nela e faz o que? QUEBRA. Olho com
aquele olhar 666 pra mala, enfio a porra da haste no buraco até o lugar que ela fica firme
o suficiente pra eu conseguir puxar (isso não era nem na metade da altura que
eu a uso), carrego a mochila (que tá super pesada, pq também tem um monte de
roupa dentro, pra eu não pagar excesso de bagagem) e corro TODO TORTO pro guichê pra
resgatar a passagem. A moça vê meu sobrenome (o Braga, não o Polary) e diz que
a filha dela também é Braga, não sei o que. Até que ela vê o relógio, são 16h
em ponto e ela me manda correr pra pegar o ônibus. Eu fui desesperado, já
achando que eu não ia conseguir, que Murphy ia me trollar, saio descendo as
escadas (que não eram rolantes) carregando a mala e a mochila, quando eu olho o
motorista entrando no ônibus, que já ia sair. Corri (imaginem o gordo
correndo, todo torto por causa da mala baixa), esbaforidamente (sem nem poder abanar os braços, porque tava
carregando as coisas) e finalmente consegui chegar ao ônibus. O motorista
começou aquele bla bla bla dizendo que quase eu perco a viagem, num sei que, eu
olhando com cara de poucos amigos pra ele, entreguei minha mala, e subi. TODO
SUADO E DESCABELADO, afinal, ontem que eu tinha que sair de casa puxando mala
pesada e pegar metrô, resolveu fazer 29º em SP. Não adiantou nada tomar um
banho gostoso e demorado antes de sair de casa, colocar meu One Million
maravilhoso, ajeitar o cabelo… Tava parecendo um pedreiro. Fiquei sentado um
pouco no braço da poltrona, enquanto me secava e me ajeitava, pra não melecar a
mulher que tava na poltrona ao lado e, quando a situação melhorou um pouco,
sentei. Estamos andando pela Marginal, eu penso “Besta, murphy sacana! Pensou
que eu ia perder meu ônibus e meu voo, né? Rá!”. E LOGO ASSIM que a minha voz
imaginária da minha cabeça fecha a boca, o que acontece?
7) O ar condicionado
do ônibus para de funcionar. Não, não é que o ventinho tava saindo quente, em
vez de gelado. Ele simplesmente nem ventinho saía. “Não te desespera. Já já
volta.” eu penso. 1 minuto, 3 minutos, 5 minutos. Nada. Alguém levanta e vai
falar com o motorista: "Moço, o ar condicionado desligou."
“Hum…" "Eita! e agora?” …" Mas é pra falar pro pessoal?”. A cada
resposta sussurrada do motorista meu desespero só aumentava e saía de meu
grande e roliço corpo em forma de cachoeiras de suor. Daí o rapaz vira e
diz: “Gente, seguinte: o ar-condicionado pifou, e as janelas não abrem. Tentem
abrir esses basculantes das laterais”. Aquela comoção dentro do busão, a
senhora da poltrona de trás me chamou pra tentarmos abrir o tal basculante.
Empurra daqui, força de lá, dá uns murros dali. A porra não abriu nem com reza
brava. Eu fui lá onde o motorista e falei “Siô, aqueles basculantes não abrem
não. Como que faz?”. Ao que ele responde:
8) "Eu não sei
não". AHHHH, DOIDOOOOO. COMASSIM ESSE COOOOOOORNO NÃO SABE COMO ABRE
AQUELAS BOSTAS? Perguntei pra ele como faríamos, porque não tinha a mínima
condição de viajar naquele calor do cão, aí ele diz que vai ligar pra não sei
quem da empresa pra saber. Beleza. Ele liga, explica a situação e pergunta como
faz pra abrir. A próxima frase dele é:
9) “UÉ, CÊ NUNCA
ABRIU UMA TAMBÉM?!” Peço a misericórdia divina, além de perdão pros meus
pecados, porque eu decidi naquele momento que eu ia abrir a porta do ônibus e
me jogar com ele em movimento mesmo, pq ao menos antes de ser atropelado e a
roda do caminhão que tava ao nosso lado passasse por cima da minha cabeça, eu
ao menos teria uns 2 microssegundos de vento no rosto. Acordo do meu devaneio
com o motorista dizendo que ia encostar pra tentar resolver, enquanto a pessoa
lá ligava pra não sei quem. Encostamos, justamente na hora que o motorista
recebe a ligação de alguém dizendo como abrir os basculantes. E ao menos eu
descubro que não era uma simples questão de ser pê do bó, é porque as pessoas
parafusaram a porra do basculante, pra ninguém abrir. Ele abre a porta e vai ao
bagageiro pra pegar uma chave pra poder desparafusar e quando entra pra fazer
isso, ouvem-se gritos de EH TETRAAAAA! EH TETRAAAAAAAAAAAAA! Quando ele está
abrindo o primeiro basculante (o da senhorinha da poltrona atrás da minha) a
gente escuta uma sirene e uma freada brusca.
10) Pessoas correndo e
subindo no ônibus. “POLICIA!” ouve-se o grito. Quando eu olho, um policial com
a arma em punho pergunta o que tá acontecendo, por que a gente tá parado ali.
Todo mundo começa a falar ao mesmo tempo, tentando explicar pra ele o ocorrido.
Ele guarda a arma, cruza os braços e fica lá na porta, fazendo carão pra
esconder a vergonha de ter dado aquele show todo. Quando o motorista termina de
abrir os basculantes (eram 4, só) vai lá pra frente e o policial começa a dar
lição de moral nele, que ele não podia parar ali, que só podia parar em caso de
emergência, no que o motorista responde que era uma emergência sim. 10 minutos
de discussão sobre conceitos de emergência depois, quando o povo do ônibus
começou a reclamar que o policial tava só nos atrasando, ele finalmente nos
liberou. O motora fecha a porta e eu penso “Vento, finalmente!’ e espero o
vento bater no rosto. E espero. E espero mais um pouco. E daí finalmente…
11) nada. Claro que
aqueles basculantes mínimos e em quantidade pífia não iam fazer diferença
nenhuma. Pelo menos não pra quem tava a frente do primeiro (meu caso). Pode até
ser que tenha ventilado lá pra trás, mas pra mim, vim no calorzão de SP até
Campinas. Ou melhor: até a entrada do aeroporto. Porque NA HORA que viramos pra
entrar aqui, o que aconteceu?
12) O ar condicionado voltou a funcionar. Simples assim.
E não, não é perseguição da vida comigo. DE JEITO NENHUM! IMAGINA!
Daqui pro dia 15 provavelmente eu volto por aqui. Beijos e boas risadas da minha cara. :)